“Quem alcançou em alguma medida a liberdade da razão, não pode se sentir  mais que um andarilho sobre a Terra e não um viajante que se dirige a  uma meta final: pois esta não existe.    Mas ele observará e terá olhos  abertos para tudo quanto realmente sucede no mundo; por isso não pode  atrelar o coração com muita firmeza a nada em particular; nele deve  existir algo de errante, que tenha alegria na mudança e na passagem.    Sem  dúvida esse homem conhecerá noites ruins, em que estará cansado e  encontrará fechado o portão da cidade que lhe deveria oferecer repouso;  além disso, talvez o deserto, como no Oriente, chegue até o portão,  animais de rapina uivem ao longe e também perto, um vento forte se  levante, bandidos lhe roubem os animais de carga.    Sentirá então cair a  noite terrível, como um segundo deserto sobre o deserto, e o seu coração  se cansará de andar.             Quando surgir então para ele o sol matinal,  ardente como uma divindade da ira, quando...